S. Bartolomeu
autor: Alberto Monteiro exposição colectiva

S. Bartolomeu

A Romaria do Banho Santo em honra de S. Bartolomeu, remonta ao século XVI e ainda hoje perdura.

Todos os anos a localidade de S. Bartolomeu do Mar recebe centenas de crianças e milhares de fiéis que celebram esta antiga tradição.

Reza o costume que neste dia o "diabo anda à solta" só voltando ao mar quando anoitece e S. Bartolomeu surge como o santo que o guarda, através do simbolismo do cão preso à imagem. Neste dia o Santo liberta o "bicho" e tudo é permitido.

O ritual é representado pelos pais que se dirigem à igreja com a criança, que deve levar um frango preto nos braços. Antes de entrar dão três voltas à igreja. Segue-se a oferenda do frango, após o que colocam a imagem de S. Bartolomeu na cabeça. Depois partem para a praia onde se realiza o banho santo.

As crianças tomam banho durante o dia nas águas "puras" e gélidas do Atlântico. A criança é agarrada pelo "banheiro", geralmente um sargaceiro, que inicia um baptismo com várias imersões que se devem fazer em número ímpar de ondas. Cada banho são 5 euros mas há ainda quem se lembre do banho ser a 20 escudos e ser preciso ter licença para o fazer. O mergulho deve começar pela cabeça e é o banheiro que seca a criança antes de a entreguar aos pais. Dizem que este baptismo cura a epilepsia, elimina os medos, más influências e "esconjura" todas as doenças e malefícios do diabo.

Os adultos também repetem uma série de ritos para afastar efeitos demoníacos.

Depois, a família vai para as dunas onde se enxugam as lágrimas e os medos, com o "jantarinho" que veio na marmita com toalha e manta e um garrafão de verde, em mistura com panados, arroz de forno anafado e cremoso. O frango preto ficou com as galinhas na capoeira da Confraria.

Texto: Sofia Quintas