Catarina Costa Cabral

a luz que sempre vi antes do nome das coisas

sim, é pela luz que fotografo; pela forma com é recebida pela superficie iluminada.
talvez por isso goste do cross, pois tal como o pb, ele dá realce à luz, intensificando-a e dando-lhe o destaque que tem para mim.

no dia a dia fotografo interiores para revistas, mas direitinhos, com luz correcta e máxima definiçao possível; quando fotografo para mim uso outros processos, mas a grande diferença é a liberdade de poder fazer asneira, de jogar com o acaso, fotografar apenas o que sinto e tenho vontade.

comparo frequentemente a fotografia à culinária, pois também ela precisa de uma mistura perfeita de ingredientes e de timings

quando comecei a fotografar, usei durante dois anos apenas uma máquina, com uma objectiva 50mm e quase sempre a pb.
acredito firmemente que o excesso de técnica e tecnologia matam a nossa capacidade de aprender a olhar.
se apenas tivermos uma objectiva seremos obrigados a rondar o assunto, aproximarmo-nos e afastarmo-nos até conseguirmos o que queremos, ao contrário do zoom que permite o enquadramento à distância.

gosto de ópticas boas, mesmo que seja para desfocar, tremer ou estragar os níveis todos

prefiro máquinas manuais e luz natural, gosto de ter tempo para enquadrar, se bem que muitas vezes o faça antes de pegar na máquina e disparar.

sinto-me numa fase boa da minha relação com a fotografia, tenho vários projectos a correr e o trabalho profissional cada vez se aproxima mais de mim, do que eu gosto de fazer e isso é muito bom..

meu objectivo - conseguir não tirar as fotografias vãs, aquelas que se tiram só porque temos vontade de disparar, e conseguir um aproveitamento de 100%.

ambicioso, eu sei...


catarina costa cabral

nasci em lisboa em 1963
fotografo desde 1979, e profissionalmente desde 1984